sexta-feira, 30 de abril de 2010

Alma Fecunda

NÃO VOU MAIS TENTAR PLANTAR ÁRVORES FRUTÍFERAS EM SOLO QUE RECEBEU POUCA CHUVA. NÃO VOU MAIS DESPERDIÇAR SEMENTES.
NO QUE DIZ RESPEITO AO AMOR, A SENTENÇA SERÁ A MESMA.
SÓ RECEBERÁ MEU AMOR, QUEM TIVER A ALMA FECUNDA.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Asas

Quero acordar os deuses adormecidos no corpo que perdeu a lembrança das próprias asas.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A metáfora do malabarista

A metáfora do malabarista




Num mundo de objetos e imagens velozes; de certezas com estruturas instáveis; de corpos sem pausas ou intervalos; de excessos de passos frenéticos sobre superfícies móveis; de manipulações diversas,

a ação do malabarista é a metáfora máxima da condição do homem presente nesta intitulada pós-modernidade.

Num gesto semelhante ao do malabarista, todos parecem estar equilibrando no ar as suas verdades éticas, morais, espirituais e afetivas.

Da mesma maneira que a clave não para na mão do malabarista por mais de um segundo, uma verdade definitiva também não se detêm na consciência do homem deste momento histórico. Tudo parece estar só de passagem.

Não há perspectivas para o olhar. Os olhos só focam a limitada área na qual a ação imediata se realiza. O olhar vigia o movimento do objeto.

O objeto nunca é conhecido no toque das mãos, no nível da apreensão sensível, mas sim na observação e controle do seu movimento.

A rapidez com que as claves passam pela mão do malabarista parece ser a mesma rapidez com que as coisas passam pela existência do homem atual.

O importante não é o contato, mas sim o controle de tudo que passa.

O controle do corpo, o controle dos objetos, o controle da ação, o controle da natureza, o controle das relações, o controle do tempo...

O controle, até, da inexorável força gravitacional que conduz os corpos ao seu definitivo final: a queda.

Em cada apresentação de um malabarista, estará exposta a metáfora da nossa condição atual: o equivocado desejo de controlar o movimento da vida por intermédio de habilidades inúteis.

Pois, hora ou outra, a força da gravidade vence, e toda clave vai ao chão.

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domingo, 11 de abril de 2010

As palavras pulsam

 As palavras pulsam.


Um metrônomo invisível e silencioso cria um ritmo misterioso às palavras que aqui querem ser signos gráficos grávidos de sentido. Não há uma verdade ou descoberta a ser escrita, não sinto desejos de falas infladas.
Não há nada a ser dito e nem há em mim um desejo por palavras. Mas há o desejo das próprias palavras, vibrando, vibrando dentro de um mistério em mim.As palavras querem me atravessar. Há um desejo de relevo por parte delas. Elas querem existência. Elas querem se elevar para além da alva superfície da página intacta. Num lugar que desconheço, e que nem sei se fica dentro ou fora do meu corpo-mente , há uma constelação de palavras querendo orbitar livremente. Elas querem que eu as arremesse à outras galáxias possíveis. Elas querem que eu as lance com as mãos de minha trêmula escrita. O que querem que eu diga? Para quem elas querem que eu diga?

Por mim, não há nada a dizer. Por mim, nego a travessia. Mas elas insistem, querem que eu escreva algo que ainda não sei o que é. Não sei qual o destino que elas pretendem ter comigo. Será que as palavras querem que eu fale de mim ? Se é este o motivo pelo qual me incitam , o que querem que eu diga ? Não tenho verdades e nem descobertas, pelo contrário, vivo rodeado por mentiras e pelo repetitivo cotidiano dos fenômenos corriqueiros. Sobre mim não tenho nada a dizer. A não ser, talvez, que eu não tenho ainda a palavra certa que me diga.

Será que o que me diz é só o silêncio desta busca da palavra não dita?

Ou será que o que de fato preciso é ser escrito pelo amor?

Se o amor veio em mente e atravessou a mão, é dele que devo dizer?

Mas não tenho nada para falar sobre o amor.

Agora o silêncio parece que ficou mais tranqüilo...

As palavras se acalmaram e deixaram de bater suas as asas...

A constatação da ausência parece ter preenchido algo...

Sem querer falei o que as palavras queriam.

Elas queriam acariciar com suas letras a minha lenta solidão.

Elas queriam que eu dissesse que o amor ainda não foi dito.

Escrito isso, vejo na página, uma montanha que devo atravessar.

Sol

HOJE, O SOL DERRETEU GELEIRAS...

sexta-feira, 9 de abril de 2010

ARTE SÚBITA

ARTE SÚBITA




Subverto

o verso.

Torço

a vértebra.

Inverto

a face da tela.

Quebro

o som.

Quero o súbito

espanto

da arte súbita.

Quero na arte

a subversão.

O gozo

do corpo.

A expansão

da mente.

Quero tirar

o espirito-livre

de sua prisão.

A arte não pode ser

submissão.

O artista precisa ser

sempre subversivo.

Sair do estábulo,

quebrar a ordem

estabelecida

e sempre querer criar

o único valor necessário:

A LIBERDADE.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Um início

Um início.


Deste ponto em que me encontro, um início é o que preciso.

O osso já foi salto, já foi solto. Nunca exposto. Nunca espasmo.

Hoje o osso no esqueleto pode ficar torto se não for todo diálogo com o corpo. Pode parar. Pode bater. Pode ser só pó. Pode ser poste.

Um início sincero, depois de toda fera que passou os dentes em minha exposta carne, no meu espanto crônico.

Que espécie sou, se não me saio a mim mesmo?

Se não me saio de mim mesmo? De mim mínimo?

Meu corpo já chorou, gritou, sorriu, gozou, suou, sofreu...

Será que ele se foi e nem se percebeu?

Um novo início sem ser movediço.

Quem desarmou esse corpo que só queria amor? O amor?

Desarme o desastre, ouço.

Desamarre a cintura, ouço.

Demarque outro chão, ouço.

Desfaça os nós do corpo-alma, sussurro-me.

Será que não tem volta com asa deste precipício?

Não me precipito em rápidas conclusões, peço um novo início.

Faço um novo início ouvindo-me.

Um novo início sem denúncias ou nuvens cobrindo o sol.

A vida precisa de afetos para se iniciar.





A VIDA PRECISA SER LUBRIFICADA COM AFETOS PARA QUE NELA SE POSSA ENTRAR E SAIR, ENTRAR E SAIR, ENTRAR...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Criar céus

Viver é criar um céu para os olhos.


Um céu cheio de gente.

De gente de todos os tipos

e de luzes das mais diferentes.

Mas sempre gente,

que de uma forma ou de outra, o nosso caminho, oriente.

Tem gente estrela.

Brilha sempre e todo dia

E nos dá segurança na sua companhia.

Tem gente cometa.

Passa rápido, ilumina tudo e depois desaparece.

Tem gente planeta.

Que dá chão pra gente andar.

Tem gente meteoro

que nos chocam e abalam

o nosso jeito de sentir e de pensar.

Viver é meio isso:

Criar Galáxias, Órbitas,

Constelações...

É ser meio astrônomo, astrólogo, astronauta,

para aprender a não confundir os astros.

Por que quem se confunde quando cria o próprio céu,

pode acabar criando buracos negros,

onde não há luz alguma que possa guiar.

Criar céu é saber ter luz nos próprios olhos.

É saber que o mais importante na vida é aumentar a amplitude do próprio olhar

para (o corpo) se transformar num luminoso astro

que possa orientar aqueles que queiram no seu céu nos colocar.

Fantasia?

E se não for fantasia o que ando sentindo por você.


O que eu faço com esse desejo de te... querer?

Deixo a chuva molhar meu corpo nu ou

vou chorar vestido embaixo do chuveiro?

O cupído nem sempre tem duas asas

O botão as vezes é maior do que a casa.

E a vida nem sempre é clara na noite escura.

Amor, paixão, amizade, será só ternura?

Entre duas emoções, tem sempre uma outra de nome incerto.

E na maioria das vezes a gente não sabe bem

o que encontra e o que o outro procura.

Sua mão estrela aberta acenou distância ou aproximação?

Dar nome alivia, mas nem sempre é a garantia de galáxia.

Certos nomes podem trazer buracos, buracos, buracos

Buracos negros no universo e no peito.

Por isso as vezes é bom dizer : É só fantasia.

O que não é real não precisa de... de... ação.

Tudo fica só na mente de quem fantasia.

Não precisa do seu corpo, do seu passo, do meu pedido.

Mas se for real o que me faz torcer pelo time da sua pele,

o que faço com esse apelo de querer te pegar no colo?

Peço?

Posso?

Ou será que mais uma vez terei que passar a pomada da razão

pra cicatrizar mais rápido outro corte no coração?

Mas se for mesmo só fantasia vou ter que aprender a ver você

tal como é, sem vesti-lo com a roupa que um outro no passado vestia.

Real ou Fantasia

Tanto faz, tanto fez.

No final tudo o que acontece na gente é só material para se fazer poesia.

Gavetas

NUNCA AMEI NINGUÉM


QUE NÃO TIVESSE GAVETAS.

AMAR É GUARDAR NO OUTRO

COISAS QUE NÃO NOS CABEM.

COMO NO MOMENTO

O AMOR NÃO ME VISITA,

GUARDO O QUE NÃO ME CABE

NESTE CAMPO VASTO

DA LINGUAGEM SELVAGEM.

PASSO A PASSO A PASSO...

VOU CAMINHANDO NESTA LINHA

QUE NÃO DECLINA COM O PESO

DO MEU DISFARÇADO CANSAÇO.

JÁ QUE O AMOR NÃO ME ANIMA,

ESCREVO PARA TIRAR OS EXCESSOS

DESTA FALTA QUE ANDA NO MEU ENCALÇO.

SEM UM OUTRO QUE ME GUARDE,

ME GUARDO NESTAS PALAVRAS,

ATÉ GHEGAR ALGUÉM

QUE ABRA MINHAS GAVETAS

E GUARDE EM MIM

TUDO QUE NÃO LHE CABE.

Poeiras

E de repente você me deixou sozinho


no meio desta multidão de coisas

que eu esqueci o sentido.

Livros, teias de aranha, umbigo...

Segredos, cigarros, crimes e castigos...

Você se foi.

E foi só isso que você fez.

Nenhum aviso prévio, nenhum.

Nenhum bilhete, nenhum.

Nenhum presente escondido, nenhum.

Você se foi.

E foi você que fez o fim.

Agora, sozinho, tentando buscar

algum guarda-chuva, alguma vela,

alguma lanterna, algum abrigo.

Tentando encontrar no espelho

algum sorriso perdido,

vejo que eu não lhe via

enquanto eu decorava você

com uma dourada fantasia.

As lantejoulas que eu coloquei

não se transformaram em estrelas.

O amor que eu sonhei

também não se transformou

em nenhum planeta,

em nenhum sol.

Tudo voltou a ficar escuro sem você.

E nesta escuridão,

que me é tão familiar,

vou tateando, tateando...

Com os dedos procurando uma cadeira

para que eu possa me sentar

e esperar esta dor-de-ausência passar

ou, quem sabe, virar poesia.

Virar poesia feita de poeira.

Poeira de amores e astros

que nunca chegaram a brilhar.

domingo, 4 de abril de 2010

NA MEMÓRIA SÓ FICAM OS ENCONTROS

DEPOIS DE QUANTAS QUEDAS UM CORAÇÃO COMEÇA A ANDAR MANCO?
SERÁ QUE TEM MULETA PRA ISSO?
OU SERÁ QUE É SÓ UMA QUESTÃO DE ABRIR AS ASAS E VOAR?
NO QUE DIZ RESPEITO AO AMOR, TODA RESPOSTA ESTÁ SEMPRE FLUTUANDO ENTRE O CÉU, A TERRA E O MEDO DE AMAR.
DE TROPEÇO EM TROPEÇO, A GENTE APRENDE A NÃO DISFARÇAR O AFETO.
QUEM NÃO APRENDE, CAI NA TRAPAÇA DE SE ACHAR CAPAZ DE VIVER SOZINHO.
NÃO TEMOS MUITA SAÍDA. A VIDA É ENCONTRO. E SEMPRE SERÁ.
MELHOR LEVANTAR A CORAGEM, SE ABRIR PARA O RISCO E...
E PORQUE NÃO TENTAR NOVAMENTE AMAR?
E TENTAR, E TENTAR, E TENTAR... ATÉ VENCERMOS O MEDO PELO CANSAÇO.
E DESCUBRIR NO ABRAÇO O NOBRE SENTIDO DA HUMANA SEMELHANÇA.
A VIDA É ENCONTRO, O RESTO É ESTÓRIA QUE A MEMÓRIA NÃO GUARDA.
SÓ QUERO ESPALHAR SIGNOS...

2

ALGUNS SILÊNCIOS... AGORA.

Poesias do livro Pele

O VÔO É
O OBSTÁCULO
NO TRAJETO
DA QUEDA.
..............................

POR ENQUANTO,
SÓ UMA ASA.
O VÔO, AINDA,
É SÓ IMAGINAÇÃO.
..................................

QUEM TEM
PONTES NOS PÉS,
NUNCA CAI
EM ABISMOS.
....................................

1

TEM COISAS QUE A GENTE SÓ RESPIRA COM O CORAÇÃO...
A POESIA É UMA DELAS.