O
tecido oficial que me cobre a pele viva,
só
me retalha em moldes e modelos.
Me
impõe uma roupagem que sufoca
os
sentimentos, os sonhos e as utopias.
Tento
romper com poesia a moda
do
controle das linhas da emoção.
Rasgo
a pesada vestimenta de couro
confeccionada
na fábrica da convenção.
A
vida vestida em explicações de racionalidade
ou
enfaixadas em fugazes diversões ,
só servem para encobrir o medo
de
se sentir sem o uso de uniformes.
Este
medo que invisivelmente desfila
nas
passarelas de tantas e tantas solidões
aprisionadas
na superfície de tantos espelhos.
Num
impulso de liberdade a todos os poros do mundo,
exponho
na vitrine deste instante, meu peito nu
e
o meu coração solitário e sonhador de poeta.
Nele
pulsa a vontade de um tempo novo.
Um
tempo de desejos sem ponteiros,
sem
fronteiras, sem trajes e ultrajes.
Um
tempo que teça espaços para uma vida nua,
onde
o encontro seja a roupa que o corpo procura.
Meu
coração de poeta sonha com a nudez absoluta
de
um único coração-coletivo e cósmico.
Um
coração único que pulse seu pulso
nos
afetos compartilhados por mãos
que
não tenham medo de se despirem de suas luvas.
Meu
poeta de coração despido sonha um mundo
feito
por mãos nuas que vistam o tempo com afetos,poesia
e
encontros humanos que revelem a nudez da alma.