domingo, 29 de julho de 2012

Flores a Maiakovski





Por medo de sentir,

tornou-se o ladrão de si.

Um dia roubou de si mesmo a audição,

e ele não conseguia mais ouvir nenhuma voz amiga.

Um dia roubou de si mesmo o tato,

e ele não conseguia mais ser tocado por ninguém.

Um dia roubou de si mesmo o olfato,

e ele nem notava mais o próprio cheiro.

Um dia roubou de si mesmo a visão,

e ele já não mais se reconhecia no espelho.

Um dia roubou de si mesmo o paladar,

e o gosto pela vida sumira com a fome e a vontade.

Quando tentou roubar seu próprio coração,

não encontrou nada dentro do seu peito.

O amor já lhe tinha sido roubado a muito tempo.

domingo, 1 de julho de 2012

Poesia pg 41 do livro Palavra Saliva


Toda ideia
precisa ser regada
com sonos, sonhos
e silêncios
para que seus frutos
não sejam ações ausentes.

Poesia pg 29 do livro Palavra Saliva


... nada está pronto
    a ponto de ter
    seu início
    ou seu final
    tudo está
    entre eternas
    reticências...

Poesia pg 50 do livro Palavra Saliva

Hoje caí na real.

Pega mal dizer, reclamar

que tudo é solidão, tédio, apatia.

Todo mundo só quer ver no espelho

a cara a toa, a cara tola, a casca da alegria.

Cada qual com sua rolha, seu ralo e sua estúpida garantia

de viver, como verdade, sua própria fantasia.

Cada qual com o seu qual.

Dando laço no seu caos.

Falsificando o Tao no dia a dia.

Que tal mudar a cara, a cura, a tara

e criar uma nova utopia?