segunda-feira, 15 de julho de 2013

O corpo da liberdade


O corpo da liberdade.
O desejo humano de liberdade não pode ser só uma febre passageira no corpo doente do poder, ele precisa ser uma infecção generalizada que faça esse corpo, já moribundo, definitivamente morrer no seu funcionamento opressor. Ações coletivas de cóleras contidas; efêmeras manifestações públicas sem o calor dos afetos privados; atos de rebeldia e auto-afirmação juvenil não vividos com os pais e projetados numa idea de país; gritos anacrônicos enfaixados em refrões débeis e lateralizados; agrupamentos humanos marchando sem um elo afetivo, só alimentam mais o movimento desse obsoleto sistema mantido por articulações perversas e ossos calcificados em gestos invisíveis de controle social. O território novo, que precisa ser criado nesse momento histórico da humanidade, para que a liberdade humana de fato flua, é um lugar existente e ainda não explorado dentro da própria consciência humana. Um lugar outro... Um lugar que não é só habitado por “signos que se solidarizam” em nome de um significado convencionalizado;  uma racionalidade que dita regras de controle para uma suposta  ordem no caos do corpo individual e coletivo; de explicações sustentadas na arrogância de um intelecto formatado para neutralizar as paixões e gerar pensamentos categorizantes sobre os fenômenos que ocorrem no ser e no mundo.Esse lugar outro é um lugar onde o outro também nos constitui e nos compõe e descompõe constantemente. (O outro-tudo não é um lugar utópico.)Esse lugar outro é o lugar no qual ocorre a ruptura do conceito de individualidade isolada que progride na linha de um tempo programado em etapas competitivas determinadas.Pois  esse conceito de individualidade é o coração de bílis que bombeia o virulento sangue no corpo do poder estabelecido que aprisiona, envenena e manipula o próprio desejo de liberdade humana. A liberdade se inicia por dentro, na libertação de si mesmo em relação ao que se entende sobre si mesmo , sobre o regimento dos afetos nas relações com o outro e sobre apreensão intuitiva das forças do corpo do poder que atuam dentro do corpo de cada ser e por conseguinte no movimento do corpo-coletivo em suas ações de liberdade no mundo.

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